Empresas Familiares e os Processos Sucessórios: Contribuições da Psicologia à Dinâmica das Transições

Autores

  • Katia Cristina de Rezende Barbosa Universidade Estadual Paulista (UNESP)
  • Matheus Viana Braz
  • Francisco Hashimoto

DOI:

https://doi.org/10.21434/IberoamericanJCG.v8i.72

Palavras-chave:

Sucessão, Empresa Familiar, Governança Corporativa

Resumo

Mais de 90% das empresas no Brasil são familiares, o que representa em média 75% da força de trabalho nacional. No entanto, de cada cem empreendimentos familiares abertos, somente trinta, em média, costumam sobreviver após o primeiro processo sucessório e apenas cinco alcançam a terceira geração. Embora a área de estudos sobre planejamentos de processos sucessórios esteja se expandindo no Brasil, grande parte das pesquisas ainda se restringe ao campo da Administração e dos Estudos Organizacionais. Nesse sentido, a partir de metodologia qualitativa e teórico-descritiva o objetivo deste trabalho é compreender alguns dos principais obstáculos, encontrados nos processos sucessórios, que se inscrevem no campo da Psicologia. Concluímos que ao Psicólogo, cabe trabalhar para que família e empresa se organizem em prol de uma unicidade grupal, com o reconhecimento de suas diferenças e semelhanças. É por isso que, diferentemente de abordagens mais pragmáticas e instrumentalistas, na escuta psicológica se prioriza a compreensão de fenômenos relacionados ao convívio familiar, aos padrões comportamentais diante do enfrentamento de problemas, às estruturas de poder e de influência, aos laços de identificação, de idealização, bem como à partilha dos obstáculos e dificuldades encontradas. Assim, é possível construir estratégias conjuntas para nutrir a coesão, o comprometimento e sensações de pertencimento no núcleo das famílias. Além disso, compete também ao Psicólogo o trabalho de preservação e resgate das raízes e tradições familiares, ao mesmo tempo em que se abrem espaços para a criação de comportamentos e estruturas decisórias mais flexíveis, que sejam capazes de se reinventar e se adaptar às novas demandas do mercado. O histórico e a coesão familiar, nesse sentido, assentam-se como quadros de referências essenciais para as condutas das gerações futuras e para a perpetuação dos vínculos familiares.

Biografia do Autor

Katia Cristina de Rezende Barbosa, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Sócia fundadora da R&H - Governança Familiar; Conselheira do FBN - Family Business Network - Brasil; Ex-cordenadora do Comitê de Desenvolvimento e Treinamento de Futuras Gerações do FBN Brasil; Membro do IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa; Membro da Associação Brasileira de Recursos Humanos; Membro. Graduada e Mestre em Psicologia pela UNESP - Assis, e especializada em Family Business pela Kellog School of Management, Illinois, USA. Cursou mediação empresarial e familiar no The Center for Mediation in Law, New York, USA. Atua na área de empresas familiares há doze anos.

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Publicado

2021-01-15

Como Citar

Cristina de Rezende Barbosa, K., Matheus Viana Braz, & Francisco Hashimoto. (2021). Empresas Familiares e os Processos Sucessórios: Contribuições da Psicologia à Dinâmica das Transições. RGC - Revista De Governança Corporativa, 8(1), e072. https://doi.org/10.21434/IberoamericanJCG.v8i.72